Um nome nem brasileiro, nem americano

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Olivia Benson, ao centro.

Se tivéssemos uma menina, ela se chamaria Olivia (sem acento). Nem houve discussão. Eu dei a ideia, jurei que não era por causa da Olivia Benson, da minha série favorita de tevê (Law&Order SVU), e meu marido a aprovou na hora. Nós dois achamos bonito e se encaixa perfeitamente no que eu procurava: um nome que soasse natural tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos e, ainda, que tivesse a mesma escrita e a mesma pronúncia – guardados os devidos sotaques – em Português e em Inglês.

Mas a Olivia não veio. E a busca pelo nome masculino começou antes mesmo de descobrirmos que esperávamos um menino. Afinal, por mais que todas as previsões de sites chineses, de amigos e de parentes – exceto as do Ewerthon e da Tati – dissessem que seria menina, eu vivia me perguntando “e se for menino?”.

O Jon, meu marido, gosta de nomes clássicos como Paul, Anthony, Jack. Também gosto, mas expliquei que não funcionariam no Brasil por terem uma pronúncia difícil para os brasileiros em geral e, ao contrário do que eu queria, soarem “americanos demais”.

Ele sugeriu, então, que o nosso Paul fosse chamado de Paulo no Brasil. Não gostei da ideia e ele mesmo concordou que não era boa. Queríamos um nome só!

Chegamos a cogitar Patrick, pois o Jon adora nomes irlandeses (por causa dos ascendentes dele) e sei que existem “Patríques” no Brasil – eu já estava desistindo de todas aquelas exigências e, por um momento, pensei em Anthony também. Mas, sei lá, não estávamos realmente felizes.

Se meu filho fosse totalmente brasileiro, eu escolheria Igor ou Caio. Se fosse totalmente americano, eu escolheria Liam, Thomas, Noah… Mas eu o vejo como “meio americano, meio brasileiro” e por este motivo insisti num nome que não parecesse estrangeiro para os brasileiros, nem para os americanos

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Um Daniel famoso só pra ilustrar: Daniel Craig.

Alguns exemplos: Eric, Victor, Nicholas. O problema é que não chegamos a um acordo nestes casos. Surgiu, então, DANIEL! Nós dois adoramos o nome, não deixa de ser um clássico e não teríamos de ouvir as perguntas que eu tanto temia: “Como é que se escreve?”, “É com H ou sem H?”, “Tem acento?”, “Como é que se fala?”. E mais: tem um significado especial para a família do meu marido. É o nome do avô paterno e o aqui chamado nome do meio dele. Perfeito!

Por falar em nome do meio, este foi outro detalhe que tivemos de negociar e adaptar. Aqui nos Estados Unidos, praticamente todo mundo (ou seria todo mundo?) tem o primeiro nome (first name / given name) + o nome do meio (middle name) + um sobrenome (family name / surname). E sabemos que no Brasil é comum ter pelo menos dois sobrenomes, um da mãe e um do pai, e não existe nome do meio. Existem sim nomes compostos, como Maria Clara e João Paulo, mas não são a mesma coisa.

Eu, particularmente, não gosto do tal middle name especialmente porque geralmente não combina com o primeiro nome. Os pais escolhem mais pelo significado e menos pela boniteza. É muito comum, por exemplo, usar o nome do avô ou da avó, como é o caso do meu marido. Também não gostaria que o nome do meu filho não tivesse nada meu, daí veio a ideia: usar um dos meus sobrenomes como nome do meio 🙂

Não saiu exatamente como planejado. Afinal, a pronúncia não é a mesma: “Dêniel” para os falantes de Inglês e “Daniéu” para nós que falamos Português. Tudo bem! Ceder é preciso e ficamos todos muito felizes com a decisão.

Só que apareceu uma pulguinha atrás da minha orelha, recentemente. Para mim, é muito importante chamá-lo em Português, já que o combinado aqui em casa é o método “um pai, um idioma” e, portanto, Português com a mamãe e Inglês com o papai. E “Daniéu”, para os falantes de Inglês, parece a versão feminina de “Dêniel”.

E agora, José? Agora, terei de me acostumar a chamá-lo de DANI! Logo eu que tenho tanta dificuldade com apelidos. Graças ao meu pai, que sempre “corrigiu” quem ousasse a me apelidar de Kaká, Ka, Karinha ou ao meu irmão de Juninho. Será que conseguirei?

Em tempo: gosto muito de apelidos sim e adoro ser chamada de Kaká, Ka ou Karininha! Apenas tenho dificuldade de tomar a iniciativa, quanto se trata deste assunto. Se a Cristiane se apresenta como Cris, eu a chamarei de Cris naturalmente. Mas se ela se apresenta como Cristiane, dificilmente eu a chamarei de Cris :p

No caso do Daniel, oops, Dani, soa estranho pra mim porque a iniciativa parte de mim. Mas acho Dani lindo, tanto para meninos quanto para meninas, e tenho um amigo Dani muito querido no Japão!

Fotos: Das respectivas páginas no Facebook do seriado SVU e do ator Daniel Craig.

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8 thoughts on “Um nome nem brasileiro, nem americano”

  1. Oie! Que coincidência! O meu nome do meio também é Daniel…E também era nome do avô, só que virou nome de família e não middle name. O seu baby Dani é lindo! Espero conhecê-lo antes de ele entrar na faculdade rs rs rs. Saudade!

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    1. Ai que emoção ver um comentário seu aqui! Amei (^o^)/ Você sempre me apoiando, né! Super obrigada! Verdade, eu me lembro bem do seu nome completo! Mas não sabia que era nome do seu avô! Que legal! E será que a senhorita vem passear por aqui? Quem sabe quando for ao Japão, você escolhe um voo via Washington e passa uns dias na minha casa? Vou ficar feliz demais de receber vocês! Ah! Emerson é um exemplo de nome com mesma escrita e mesma pronúncia! Só não tenho certeza se é comum aqui… Grande beijo! Saudades demais!

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  2. Que legal! Não sou mãe, mas sou babá e psicóloga, apaixonada por linguagem e crianças, conta? Hahaha, Sempre que vejo filhos americanos de pais brasileiros eu penso o quanto seria melhor se eles dessem um nome que transitasse bem nos dois países, pra “evitar a fadiga” né? Hahaha. Legal seu conteúdo, boa sorte com o blog!

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  3. Muito legal toda a importância que vocês deram pra escolha do nome! E acho Daniel um nome lindo! Achei legal tb essa opção de poder pôr o seu sobrenome como “middle name”, só fica um middle name meio estranho né (pro pessoal daí)! Mas legal que tem essa opção e assim ele também pode ter o seu sobrenome! Porque será que mais mulheres não fazem esta opção né?

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    1. Oi, Fernanda! Mil desculpas pela demora! Não sei porque eu não vi seu comentário antes 😦

      Você tem razão, fica meio esquisito colocar um sobrenome como nome do meio, mas como eles raramente usam aqui, a maioria nem vai notar! Haha… Eles só usam a inicial do nome do meio, quando usam. Só aparece completo em documentos. Ufa!

      A ideia é usar quando ele for ao Brasil. Lá, ele é Daniel + meu sobrenome. Aqui nos EUA, ele é Daniel + o sobrenome do pai :p

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  4. Eu também pensei nisso mas desde que eu tinha 10 anos queria colocar o nome da minha avó na minha filha. Minha avó se chamava Diva. Me foi sugerido que este não seria um bom given name aqui nos Estados Unidos. Então resolvi colocar como Middle name e escolhi Isabel puro e simples como first name. O problema é que os americanos pensam que escreve Isabelle e muitas vezes chamam de Isabella só porque existem zilhões de Isabelas.
    A minha segunda filha eu queria Nina pois é igual aqui e lá. Eu queria mesmo Nina Simone como a cantora mas o doador de material genético queria colocar o nome da avó Beatrice. Eu falei que aceitava se fosse Nina Beatrice pois achava que soava melhor, mas ele queria Beatrice Nina.
    Bom quando ela nasceu já estávamos esperados e eu escolhi outro nome. Coloquei Rafaela pois segundo a Deus curou (eu tava precisando depois de tudo o que eu passei e estava passando). E coloquei Liz que seria um apelido para Elizabeth o nome da minha outra avó. Depois de três meses ele aparece para colocar o nome da certidão e eu tive que colocar o Beatrice (ainda bem que é um nome bonito) daí ficou Beatrice Rafaela (um nome bem americano com um nome bem latino)! Essa minha filha tem agora três anos e só agora que consigo as vezes chamar ela de Beatrice. Mas pra mim ela sempre foi e sempre será a minha Rafa.

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    1. Oi, Nathalia! Não é fácil, né! Tanta coisa que a gente tem que pensar e ainda agradar outras pessoas… Mas acho que você encontrou ótimas soluções e não vejo problema em chamar sua caçula de Rafa 🙂 Obrigada por compartilhar sua experiência! Beijos!

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